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Café: trabalhadores vão passar por triagem durante colheita
Com o isolamento social provocado pelo avanço do novo coronavírus, muitos cafeicultores vão precisar atrasar a colheita para conseguir contratar mão de obra com segurança. A preocupação é que a colheita tardia prejudique a qualidade dos grãos.
No município mineiro de São Pedro da União, por exemplo, um decreto exige que todas as pessoas contratadas para a colheita de café passem por uma triagem para evitar contaminação pela Covid-19. Os empregados que apresentarem sintomas da doença devem ser isolados, imediatamente, por 14 dias.
“Os trabalhadores que passarem pela triagem e estiverem em perfeita saúde serão liberados para colheita, sendo necessário quarentena apenas se for detectado alguns sintomas da Covid-19. Solicitamos ainda que os produtores tenham cuidado em contratar pessoas com mais de 60 anos e pessoas com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e asmáticos”, disse a secretária de Agricultura da cidade, Catarina Sousa Ribeiro.
Na propriedade do cafeicultor Fernando Barbosa, a lavoura está quase no ponto para a colheita. Dos 14 hectares plantados, 70% é colhido com sistema mecanizado e 30% manual. Dez pessoas foram cadastradas para uma contratação futura. “Esse ano a gente já procurou para poder fazer o cadastro deles tudo certinho. Quando eles chegarem, também vão passar pelo processo de triagem e, assim, já estando apto para poder fazer a colheita de café”, contou o produtor.
No município de Muzambinho, também no sul de Minas Gerais, a contratação ainda não começou. Na propriedade de Rodrigo Machado, a previsão da colheita é para o final de maio. Por causa da pandemia, o produtor prevê um aumento de 10% no custo de produção.
“A gente vai ter que fazer um investimento maior em materiais de higiene para o safrista, como álcool em gel, toalha de papel. Também haverá um incremento na compra de equipamentos de proteção, nós vamos ter que comprar a máscara que tem melhor eficiência contra o coronavírus e teremos que fazer algumas alterações de logística também”, disse Machado.
Cerca de 200 mil pessoas trabalham todo ano na produção mineira de café, 20 mil são de outros estados. A projeção é de que, nesta safra, esse número seja reduzido pela metade. “Isso está trazendo uma insegurança para os produtores, principalmente aqueles que necessitam trazer mão de obra de outras regiões do estado ou até de outros estados para complementar a mão de obra local. Esse trânsito de pessoas e aglomeração em alojamentos são preocupantes, e uma das recomendações é que se esse retarde, o máximo possível, o início da colheita”, disse o extensionista da Emater-MG, Clóvis Piza.
Para os cafeicultores que vão precisar atrasar a colheita por conta da dificuldade na contratação de mão de obra, a orientação é fazer acompanhamento técnico para evitar o prejuízo, conforme orienta o coordenador de desenvolvimento da Cooxupé, Eduardo Renê da Cruz.
“Parte do café maduro vai secar na planta e, com isso, o produtor que faz o café cereja descascado acaba produzindo menor volume. O cereja descascado tem um preço melhor, então ele vai ter um prejuízo. No caso de chuva que acontecer na colheita, quanto mais fruto no estágio de passa e seco tiver na planta, mais o volume de café que vai para o chão em consequência da chuva e, neste caso, vai ter um maior volume de café de baixa qualidade, o que tem menor preço”, disse.
Fonte: Canal Rural