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Cenário climático para a estação de chuvas será favorável em Minas
Segundo o professor Luiz Carlos Molion, chuva será até 15% acima da média; Especialista será um dos palestrantes do Fórum de Café e Clima
Após uma safra com graves consequências para as lavouras, o cenário climático para a estação chuvosa outubro 2021 a março de 2022 não é tão preocupante.
Segundo o especialista Luiz Carlos Baldicero Molion, espera-se um total pluviométrico pouco acima da média, “possivelmente 10% a 15%, com um acumulado de 1.300 milímetros nesse período no sul de Minas Gerais”, diz.
O professor da Universidade Federal de Alagoas será um dos palestrantes do Fórum Café e Clima da Cooxupé, que será virtual, no dia 21 de setembro.
O canal da cooperativa no Youtube, vai transmitir as palestras, a partir das 14 horas.
Bacharel em Física pela USP, Molion tem PhD em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin, USA.
Portanto, no Fórum, ele vai abordar as perspectivas do clima para a Safra 2021/22 e tendência para o período de 10 a 15 anos.
Cenário climático
E, de acordo com o professor, esse é o cenário que preocupa. Uma vez que há indícios de se ter um clima diferente.
“Em média mais seco e mais frio, semelhante ao do período dos anos 1960 até a metade da década dos anos 1970”, explica.
Ainda de acordo com Molion, os fenômenos já observados neste ano eram esperados de alguma forma.
“Em especial as geadas e o período de estiagem foram previstos com antecedência.”
Assim, quando o inverno na América do Norte é rigoroso, ou melhor, quando a frequência de massas de ar polar é maior no Hemisfério Norte, existe grande chance do inverno brasileiro se comportar da mesma maneira. E, segundo o professor, existem razões físicas para isso.
Razões para as mudanças climáticas
Com base nas médias de 1981 a 2010, período recomendado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) para se estabelecer as normais climáticas, pode-se afirmar que o clima daquele período foi um pouco mais quente. Além de ter uma frequência menor de geadas no inverno, e mais úmido que o período anterior entre abril e setembro. “Porém, analisando os registros climáticos atuais, parece ter havido uma mudança no clima em torno de 2005.”
Segundo Molion, a partir desse ano, passou-se a observar uma frequência de massas de ar polar maior e mais intensas, resultando em invernos mais frios e mais secos. “Uma possível razão para essa mudança é o aparente resfriamento tanto do Oceano Pacífico Oriental, ao longo da costa oeste da América, como do Atlântico Norte, cujas causas ainda estão em análise”, diz.
Como a atmosfera é aquecida por baixo ar em contato com a superfície do planeta, se os oceanos se resfriam, o clima se resfria, uma vez que os oceanos constituem 71% da superfície terrestre.
“Outra possível causa é a instabilidade do jato polar, que aumenta a frequência de trocas de massas de ar entre os polos e os trópicos, fenômeno da dinâmica da atmosfera que é difícil explicar em poucas linhas.”
No Brasil
Molion também explica que o Brasil não sofre mais em relação a outros países do mundo por conta dessas mudanças climáticas.
“As regiões mais afetadas são as que estão fora dos trópicos, como América do Norte, Europa e Ásia.”
No Hemisfério Sul, sofrem a Argentina, Uruguai, Paraguai, o sul da África e o sul da Austrália. “Assim, no Brasil, os estados mais afetados são os da Região Sul, se estendendo até o sul de Minas Gerais e de Mato Grosso do Sul”, diz.
Dessa forma, o professor destaca que os impactos são mais sensíveis no inverno, com a entradas de massas de ar polar.
Ao passo que as análises mostram que os totais anuais de chuvas sofreram redução de 10% a 15% no leste do Brasil, desde Minas Gerais até a costa norte, na década passada 2011-2020. Isto possivelmente devido ao ligeiro resfriamento que vem ocorrendo no clima global.
“A grande questão é se essa redução vai persistir pelos próximos 10 a 15 anos”, diz Molion.
Formas de prevenção
Acima de tudo, o professor destaca que o clima é complexo, caótico e, em geral, difícil de ser previsto.
“Quando se tem fenômenos de grande escala atuando, como El Niño por exemplo, as previsões têm um grau de acerto maior, pois já se conhece, razoavelmente bem, os impactos que esse fenômeno causa no clima do País”, conta.
Porém, quando o Pacífico está neutro, como agora por exemplo, a previsão tem um grau de acerto menor.
“Nessas circunstâncias, o monitoramento do clima se faz necessário e a previsão climática com, digamos seis meses de antecedência, deve ser revisada constantemente”, orienta. Por isso a importância do acompanhamento do clima pelo agronegócio.
“Em alguns casos, é possível amenizar os impactos negativos do clima, com veranicos por exemplo, utilizando-se de práticas agronômicas apropriadas”, diz.
Por outro lado, segundo Molion, para geadas, já foram testados vários métodos sem resultados satisfatórios não só aqui como em vários países fora dos trópicos.
Fórum de Café e Clima Cooxupé
Pelo terceiro ano, a Cooxupé faz o Fórum Café e Clima, voltado aos profissionais, produtores e pesquisadores nas áreas agro e de produção de café.
As condições do clima e os impactos na safra de café 2021, além das tendências para os próximos anos são os principais temas das palestras. No cenário atual, com as geadas e as secas, a discussão é essencial.
Entre os especialistas que participam neste ano do fórum está José Donizeti Alves, da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Ele vai falar sobre o comportamento do cafeeiro diante das adversidades meteorológicas da safra de 2021 e suas implicações para a safra 2022.
O Coordenador de Geoprocessamento da Cooxupé, Éder Ribeiro dos Santos, também será um dos nomes a palestrar no evento. Engenheiro agrônomo pela Universidade Federal de Lavras, tem especialização em geoprocessamento pela UFSCar.
Éder fará um Relato das condições agrometeorológicas na safra cafeeira 2021 nas regiões da Cooxupé.
Portanto, as palestras serão transmitidas on-line na página da cooperativa no Youtube, no dia 21 de setembro, a partir das 14 horas.