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Cofco estima queda de 15% na safra de café do Brasil, mas prevê salto em 2018
Mercado de exportação do grão no País é dominado pela Cooxupé, maior cooperativa de produtores da commodity do mundo
SÃO PAULO – A produção de café do Brasil em 2017 deve cair entre 15 e 20 por cento na comparação com o ano passado, mas deverá recuperar-se fortemente em 2018 devido aos melhores cuidados com a safra, disse o diretor global de café da trading chinesa Cofco, Joseph Reiner, em entrevista à Reuters nesta quinta-feira.
Reiner disse que a equipe de pesquisa da Cofco, após visitar diversas áreas produtivas no maior produtor de café do mundo, confirmou que a maior parte das fazendas produzirá menos devido ao ano de baixa no ciclo bienal das lavouras, que alterna safras maiores com menores. Os pés geralmente perdem vitalidade após grandes colheitas.
“Do que a gente viu, várias regiões de arábica terão produção menor e a gente percorre bastante. Em torno de 15 a 20 por cento menos. Mais perto de 15 por cento”, disse Reiner, que assumiu o cargo neste ano após 11 anos na fabricante de chocolates norte-americana Mars.
O Brasil produziu uma safra recorde de café de 51,37 milhões de sacas no ano passado.
A Cofco Agri está trabalhando para integrar as operações de café da Noble no Brasil após concluir a aquisição da operadora de commodities asiática, até então sua rival, em março de 2016. Com a aquisição, ela tornou-se uma das 15 maiores empresas atuantes no mercado de exportação de café do Brasil.
Reiner disse que muitos produtores de café decidiram adotar a poda mais agressiva após a produção mais alta no ano passado, uma vez que já esperavam uma produção menor neste ano.
Isso enfatizaria o ano de baixa em algumas regiões, mas prepararia bem as lavouras para 2018, quando os pés devem estar preparados para produzir bem.
“A gente tem uma promessa de uma safra bastante volumosa para o ano que vem”, disse ele, acrescentando que outro fator que apoia esses indicativos são as áreas recém-plantadas.
Reiner disse que seu time observou produtores expandindo as lavouras de café, algo que a Organização Internacional de Café (OIC) também notou em seu último relatório.
Essa situação de uma safra significativamente menor em 2017 e uma produção potencialmente muito maior em 2018 criará uma situação interessante no mercado, disse ele, com a oferta muito limitada no início de 2018.
Reiner afirmou que as indústrias de café terão de avaliar cuidadosamente sua situação de estoques, para não ficar sem o produto quando a crise da oferta chegar, e para não ter muitos estoques quando a safra de 2018 começar.
A Cofco planeja aumentar seus volumes no Brasil, embora o executivo tenha se recusado dar uma meta.
“Vamos usar as ferramentas que a companhia tem, nossa força financeira, capacidade de logística, para dar um serviço melhor aos clientes. Deste modo, acredito que aumentaremos os volumes.”
O mercado de exportação de café no Brasil é dominado pela Cooxupé, maior cooperativa de produtores de café do mundo. Entre as cinco maiores empresas estão a operadora asiática Olam e Terra Forte e Ecom.
Por Marcelo Teixeira
Reuters