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Custos de produção: ferramenta para atravessar crises

Com o mercado do café sinalizando tempos mais árduos para os produtores, diante dos baixos preços ofertados pelas indústrias e a falta de chuvas no início de 2019, o gerente do Núcleo da Cooxupé em Alfenas, Sandro Dias, propôs a um grupo de 100 produtores um trabalho diferenciado para que possam atravessar esse período com tranquilidade.  O trabalho está focado na capacitação dos cafeicultores. O Senar Minas e Sindicato dos Produtores Rurais de Alfenas são parceiros desse projeto.

Como parte do trabalho, durante a semana de 4 a 9 de fevereiro, um grupo de 18 produtores participam em Alfenas do curso de Custos de Produção, ministrado pelo instrutor Márcio Daúd. O proposta, segundo Sandro, é acompanhar esses produtores por cerca de um ano, para analisar como irão atravessar o período de safra e a comercialização, em cenário que não é favorável à cafeicultura. “A nossa proposta é que os produtores, com mais conhecimento saibam atravessar qualquer situação do mercado e garantir uma boa comercialização”.

O projeto prevê outras capacitações pelo Senar como o curso de Marketing e Comercialização. Segundo o gerente da Regional de Passos, Rodrigo de Castro Diniz, a participação dos Núcleos da cooperativa é fundamental para que o Senar possa atender melhor os produtores.

Custos

Para o ex-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Alfenas, entidade responsável pela mobilização do curso, Amarildo Freitas Peloso, o curso é excelente e conquistou os participantes. Ele ressalta o período difícil para os produtores com o preço do café abaixo do esperado e destaca que para manter-se no mercado, diante das informações recebidas na capacitação, terá que fazer muitas mudanças na sua propriedade. Entre elas o corte de gastos com mão de obra.

Com área de café em 100 hectares entre os municípios de Alfenas e Serrania, ele consegue colher em Alfenas cerca de 90% da sua produção com maquinário, mas em Serrania depende de mais trabalhadores para garantir a colheita. Sobre os custos ele destaca alguns erros praticados como a falta de projetar a depreciação dos maquinários. “Temos que nos ajustar para sobreviver”.

A produtora Paula de Oliveira Souza Dias, que tem 53 hectares de café em Machado, também participou da capacitação. Ela conheceu o trabalho do Senar Minas nesse fevereiro de 2019 e está encantada com o método adotado pelo instrutor Márcio Daúd. Direto e prático, como ela ressalta. Paula, que assumiu a administração da propriedade do pai recentemente, ressalta que é novata no segmento e a capacitação trouxe informações importantes como avaliação patrimonial e o custo por hora máquina. “Eu trabalho com planilhas, mas a maneira repassada pelo Márcio é melhor. Em épocas magras é preciso fazer mais contas”. Sobre a proposta de Sandro Dias em capacitar os produtores, ela classificou como excelente, pois é preciso atravessar a crise mais consciente.

Realidades

Durante a capacitação foram avaliadas várias situações de produção, conforme informação dos participantes, com cálculo de custos sobre a produção de 25 e 50 sacas por hectares. O resultado do custo médio de 37,5 sacas chegou ao valor de R$ 432,00 para venda livre de impostos. “Este estudo de caso não retrata a realidade de ninguém, mas é composto com as informações dos participantes. Tomamos como base, para nossa análise, o valor da saca de café em R$ 400,00 para o tipo 6. Sob este parâmetro, o valor de venda deveria estar acima do previsto, mas esta questão é negociável em minha opinião”, disse Márcio Daúd.

Márcio ainda ressalta que para se chegar ao custo de produção é necessário avaliar pelo menos dois anos de produção, respeitando a bianualidade da lavoura. Considerando esta questão, em ano de boa produtividade o produtor teria ganhos normais com os valores apurados, mas em ano de baixa produção trabalharia com resultado negativo.  Várias questões alteram o valor final do custo como tipo de colheita, manejo adotado, tecnologia aplicada e salário do produtor, pois cada propriedade tem a sua realidade diferenciada. Segundo o instrutor é preciso conhecer todos os fatores para trabalhar com índices e valores que contribuam para o resultado positivo na comercialização.

“A nossa realidade é essa, o prejuízo é grande para o setor”, disse o presidente do Sindicato Rural de Alfenas.  Segundo Amarildo, os produtores que atuam em montanha sofrem  mais do que aqueles que podem utilizar maquinário na colheita.  “Temos que fazer economia de `fora a fora´”, disse o produtor se referindo aos cortes em todos os setores da produção. No entanto, Amarildo destaca que o curso ajudou muito a enxergar os erros praticados e que agora é tempo de colocar as ações em práticas fazendo os ajustes necessários no manejo. O gerente da Cooxupé, Sandro Dias, ressaltou que o resultado do curso foi positivo para os produtores que já entraram em contato com a Cooxupé e a importância da capacitação recaí sobre onde o produtor pode e deve cortar custos, respeitando as técnicas e o manejo da lavoura.

 

Fonte: Sistema FAEMG