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Home office avança no campo

Avanço tecnológico propicia nova modalidade de trabalho no agronegócio, mas empresários devem estar atento à legislação

O trabalho no campo, tradicionalmente associado ao esforço físico e à presença de homens nas áreas de criação e cultivo, ganha nova configuração.  “O avanço da Internet das Coisas (IoT) e da possibilidade de monitoramento da produção de maneira remota, por intermédio de softwares cada vez mais sofisticados e personalizados, provoca o surgimento de nova cultura organizacional no campo. Cresce a possibilidade de estabelecimento de vínculos de emprego junto a trabalhadores em regime de teletrabalho (home office)”, diz o advogado George Augusto Mendes, do Lima Netto Carvalho Abreu Mayrink Sociedade de Advogados.
A adoção do teletrabalho exige, no entanto, atenção dos empresários para evitar passivos trabalhistas no futuro. “A lei desobriga a empresa da necessidade de controle de horários e de pagamentos de horas extras. No entanto, a legislação trabalhista também estabelece requisitos mínimos para essa modalidade de contratação, razão pela qual mostra-se imprescindível o correto assessoramento jurídico por ocasião da sua adoção, alerta George Mendes.
O advogado diz que na pandemia da Covid-19 vários produtores rurais decidiram aderir a soluções digitais e reavaliar processos, com a contratação de mão de obra remota. Apesar dos efeitos da crise sanitária, o agronegócio gerou 61.637 novos postos de trabalho no ano de 2020 – cerca de 43% das contratações ocorridas no ano passado.
George Mendes lembra que a introdução de novas modalidades de conexão digital de máquinas e equipamentos na atividade agrícola acaba por mitigar a necessidade de prestação de serviços 100% presencial.
O monitoramento via sensores e o crescente uso nas lavouras de drones conectados são evidências palpáveis desse movimento, e o diagnóstico técnico das imagens capturadas e dos dados obtidos pode perfeitamente ser realizado de maneira remota. “Tudo isso possibilita não só uma maior adesão ao home office por parte dos empregados do segmento, mas também a prestação de atividades de consultoria sem o estabelecimento de vínculo formal de emprego por parte de técnicos e engenheiros agrônomos a mais de um produtor. O serviço é prestado à distância, sem a necessidade de maiores deslocamentos”, diz o advogado.
Na visão de George Mendes, a inserção da IoT no agronegócio proporciona vantagens evidentes para os produtores, e também abre novas portas para o comércio. Segundo ele, o avanço da IoT nos campos e lavouras não cria mercado apenas para as fabricantes de equipamentos conectados, mas também para as atividades empresariais ligadas à melhoria das infraestruturas de conexão, uma vez que essas tecnologias exigem redes de comunicação com mais alcance e qualidade.
O uso da tecnologia no agronegócio ganhou impulso no fim de 2017, quando o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Internet das Coisas, que buscava acelerar a implementação da IoT em quatro áreas prioritárias: cidades inteligentes, saúde, agricultura e indústria. De lá para cá, houve significativo avanço das tecnologias aplicadas à atividade agropecuária, com especial ênfase para o aumento de AgTechs voltadas à agricultura de precisão, robótica, Internet das Coisas (IoT) e gerenciamento empresarial a partir de 2019.
Segundo a Secretaria Executiva da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), cerca de 67% das propriedades agrícolas do Brasil já faziam uso de algum tipo de tecnologia em 2017, e estudo recente da empresa de consultoria americana Reportlinker sobre a indústria da internet das coisas voltada à agricultura aponta que o segmento movimentará US$ 21 bilhões no mundo até o fim de 2025, montante quase 65% maior que os US$ 12,8 bilhões do ano passado.
George Mendes diz que o monitoramento de lavouras e rebanhos em tempo real por meio do uso de sensores, drones, veículos aéreos não tripulados (VANT) e filmagens ajuda o empresário rural no gerenciamento de riscos de sua produção e aumenta o número de informações sobre sua propriedade. “A diminuição dos custos com a contratação de mão de obra, além dos controles de qualidade do solo, pragas, ciclos reprodutivos e questões sanitárias de maneira muito mais precisa e remota são somente alguns dos benefícios oriundos avanço da IoT no universo Agro, que parece inevitável”, enumera o advogado, lembrando que aqueles que não aderirem a esse movimento certamente serão impactados por maiores custos e pela perda de competitividade.