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Disparos da ‘greenflação’ impulsionam novos desafios sobre gestores de portfólio

De navios de contêineres a caixas de papelão, regulações ambientais mais apertadas estão alimentando escassez e picos de preços conforme a “greenflação” ganha espaço, adicionando uma nova reviravolta às avaliações corporativas.

Para todas as mensagens de que a ‘inflação é transitória’ dos bancos centrais, incrementos de custo de dois ou três dígitos se tornaram comuns nos balanços de empresas, apesar de a variedade verde ainda estar por aparecer nos mercados de títulos, o sistema usual de alerta precoce.

Enquanto altos custos estão parcialmente atrelados a problemas de fornecimento ligados à pandemia, gestores de fundos dizem que um forte ímpeto está emanando das rigorosas novas regras a guiar a transição mundial a um futuro mais verde.

E estas podem extrapolar a narrativa inflacionária da Covid-19.

Para cortar emissões de gases de efeito estufa, a União Europeia subirá o custo para emitir carbono para transporte e indústrias, rejeitará vendas de carros movidos a gasolina e atingirá impostos de carbono em parceiros comerciais.

Alumínio, eletricidade e fertilizantes estão entre os setores almejados, com outros como aviação na mira da UE.

Investidores concordam amplamente que a ‘greenflação’ é um risco necessário, porque com as Nações Unidas dizendo que o aquecimento global está saindo de controle, a alternativa de inundações frequentes, secas e incêndios florestais é pior.

A questão que se coloca diante de gestores de fundos é quais companhias verão um golpe nos lucros, quais podem passar adiante os custos e quais prosperarão.

Para Peter Rutter, chefe de títulos na Royal London Asset Management, a solução reside em modelar como, por exemplo, dinâmicas de carbono podem impactar o fluxo de caixa, receitas e preços de ações.

“Somos muito crentes na greenflação. Há cenários que tiram ativos de uso, como carros que não podem mais ser dirigidos ou navios que não são aceitos em certos portos”.

“O outro elemento é a injeção de custos adicionais. Se empresas puderem repassar os custos, isto é inflacionário. Se não, isto adiciona inflação à produção e prejudica margens”, acrescentou Rutter.

Ganhos de empresas estão refletindo custos mais altos de insumos. Mas é difícil dizer quais são relacionados ao meio ambiente.

A empresa varejista Norte Americana Home Depot viu um golpe de 35 pontos-base nas margens brutas no primeiro trimestre a partir de uma triplicação de preços da madeira, configurando um aumento de 31% no indicador de ‘vendas nas mesmas lojas’ (same-store sales).

E a empresa de alimentos embalados Conagra alertou que a matéria prima e custos de embalagem podem afetar o lucro, um vento contrário que poderia não se acalmar até o fim de 2022.

Analistas do Bank of America sinalizaram referências a “inflação” durante a conferência de ganhos (earnings calls) do último trimestre e estimam que eles subiram 1000% na avaliação anual (YOY) para empresas na S&P 500 e 400% para aquelas nos índices europeus STOXX 600.

Cultivando uma árvore

Na construção naval, por exemplo, os pedidos despencaram, o que fontes oficiais atribuem em parte à incerteza sobre qual tecnologia adotar para combustíveis alternativos.

Novos navios levam até três anos para entrega e tipicamente operam por mais de 20 anos, tempo pelo qual embarcações de alta emissão podem ser inviáveis. E se navios forem acrescentados aos mercados de carbono, proprietários podem comprar permissões ou arriscar banimentos em portos.

Isto pode dar suporte aos custos já elevados de frete.Semelhantemente, regulações florestais mais apertadas e o fechamento de fundições chinesas poluirodas estão impactando preços de madeira e metal, pontuou Geraldine Sundstrom, gestor de fundos da PIMCO.

“Leva tempo para cultivar uma árvore”, disse Sundstrom. “Em um mundo verde e digital, você precisa se posicionar no lugar certo, onde há barreiras para entrar e, logo, poder de precificação”.

Sundstrom reconhece que setores como florestas integradas e navegação poderiam aproveitar ganhos significativos de preço “conforme mercados ainda apostam na reversão de média de preços”.

Haverá perdedores também. Ações globais podem sofrer um revés de 20% se os preços de carbono – o preço que empresas pagam para poluir – subir em $75 por tonelada, estima uma pesquisa recente da Kempen Capital Management, que administra 86 bilhões de euros.

Dentro de setores, empresas com alta emissão de carbono perderão conforme taxas alfandegárias sobre carbono entrarem em vigor, declara o Bank of America.

Produtores de alumínio dependentes de hidroenergia Norsk Hydro, Rusal e Rio Tinto com uma pegada de carbono de 4 toneladas de CO2 por tonelada de metal, estão mais bem colocados do que fundições chinesas com 16 toneladas de emissões, acrescenta.

Virada

Então isto significa maior inflação para uma economia mais ampla?

A greenflação não durará para sempre, ao passo que os efeitos da precificação de carbono serão diluídos ao longo de anos, enquanto a adoção de renováveis deve gradualmente cortar custos de geração de energia.

Todavia a “virada deflacionária” levará tempo, disseram analistas da Morgan Stanley. Preços para permissões de emissão de carbono mais que dobraram este ano, o que Morgan

Stanley estimou que ter elevado preços de varejo da eletricidade na zona do euro em 8% em junho e acrescentou 23 pontos base à inflação. Um aumento para 100 euros estimulará os preços da energia no varejo em 12%, disse.

E a energia limpa enfrenta custos inerentes, com equipamentos elétricos, turbinas eólicas e células de combustível expostos a preços mais altos de metais e de transporte marítimo.

Michael Herzum, chefe de estratégia na Germany’s Union Investment, disse que saltos do preço são inevitáveis ao passo que o carbono será precificado a um nível alto o bastante para incentivar a mudança.

Enquanto o efeito deve diminuir ao longo do tempo, Herzum disse que a transformação verde reforçará que um “período de 40 anos de desinflação chegou ao fim”.

Fonte: Reuters