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EPAMIG e CEMIG desenvolvem projeto para testar geração de energia elétrica agrovoltaica em Minas

Projeto prevê realização de experimentos inéditos no Brasil em seis Campos da EPAMIG. Objetivo é integrar geração de energia elétrica, por meio de placas solares, com produção de alimentos

 

Minas Gerais é líder na produção de energia elétrica solar distribuída. A radiação direta da luz do sol em diversas regiões confere ao estado o título de “Califórnia brasileira”. Mas, você sabia que é possível otimizar o uso do solo de modo a integrar a sombra feita por placas de geração de energia à produção de alimentos?

 

Essa é a proposta tecnológica que a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), a partir de iniciativas conjuntas com a Secretaria de Agricultura do estado (Seapa), desenvolve em parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG). O objetivo da proposta, ainda em fase inicial, é integrar a geração de energia elétrica (por meio de placas solares) à produção de alimentos, em projetos-piloto nos Campos Experimentais da EPAMIG. 

 

De acordo com estudos realizados em países como Alemanha, China, França, Estados Unidos, Holanda e Japão a combinação de painéis de energia solar com sistemas de produção agrícola gera ótimos resultados. Minas Gerais coloca o Brasil na lista de países em potencial. Contudo, o desafio da pesquisa é identificar quais culturas agrícolas podem ser consorciadas com os painéis de energia e quais arranjos de painéis são mais eficientes para as condições brasileiras.

 

As implantações dos projetos-pilotos iniciais vão ocorrer em seis Campos Experimentais da EPAMIG. No Norte de Minas, experimentos deverão ser realizados nos municípios de Jaíba, Nova Porteirinha e Leme do Prado. No Centro-Oeste estão previstos projetos-pilotos no município de Prudente de Morais. Já na região Oeste, sistemas com módulos de geração fotovoltaica deverão ser instalados em Patrocínio. Por fim, o município de São João del-Rei, no Sul de Minas, também está na lista para receber os experimentos iniciais. 

 

Segundo o diretor de Operações Técnicas da EPAMIG, Trazilbo de Paula, a empresa de pesquisa agropecuária mineira terá o papel de instalar unidades-piloto para testar diferentes culturas em diversos arranjos e, em seguida, transferir para os agricultores mineiros tecnologias adaptadas às condições de clima e solo do estado. A dinâmica tende a elevar ainda mais o valor agregado do agronegócio em Minas Gerais.

 

“O projeto de implantação de energia agrovoltaica oferece uma oportunidade muito interessante para o aproveitamento de áreas mineiras. Produzir alimentos e energia elétrica em um mesmo local é algo realmente inovador que a EPAMIG traz junto à CEMIG, contando com a grande experiência da Fraunhofer-Gesellschaft, da Alemanha. Vamos usar as estruturas dos nossos Campos Experimentais para apresentar aos produtores possibilidades adaptadas a cada microrregião”, destaca Trazilbo.

 

Diferente da energia solar convencional, a energia agrovoltaica conta com placas de captação da luz solar posicionadas em alturas maiores, de forma a permitir a realização de atividades agropecuárias sob elas. A altura varia de acordo com a cultura ou criação que se pretende realizar. 

 

Segundo o pesquisador da CEMIG, Carlos Alberto de Sousa, o projeto prevê, ainda, utilização de módulos monofaciais e bifaciais, o que inclui novos materiais à medida que a pesquisa avança. Para ele, se confirmados, os investimentos em sistemas agrovoltaicos trarão impactos positivos para a vida e o bolso dos produtores.

 

“A EPAMIG é uma referência no estado de Minas no que diz respeito à pesquisa agropecuária e uma das estratégias da CEMIG é desenvolver a inovação. Em um projeto sobre energia agrovoltaica, é natural que a CEMIG, dentro da sua competência em energia, queira se unir a uma entidade com muita competência em agricultura e agropecuária. Nossa ideia é desenvolver modelos de negócios interessantes e viáveis que possam ser replicados em diferentes regiões do estado”, destaca Carlos Alberto.

 

Experiências internacionais

 

Apesar de estar no início das conversas, o projeto deverá contar com a assessoria da Fraunhofer-Gesellschaft, da Alemanha, organização de pesquisas aplicadas sem fins-lucrativos. A empresa possui institutos com equipes de pesquisadores especialistas em energia agrovoltaica com resultados já consolidados em outros países, como o Chile.

 

O Diretor do Fraunhofer Liaison Office Brazil, Rodrigo Pastl, conta que a experiência chilena poderá ser positiva para os possíveis testes, ainda em fase de conversação, que poderão ser aplicados em Minas. Rodrigo explica que o Chile possui condições climáticas semelhantes, o que permite que a transferência tecnológica em escala real seja feita de forma mais ágil e eficaz.

 

“Ajudar na evolução da sociedade por meio da pesquisa aplicada é o foco da Fraunhofer-Gesellschaft. Conversar com os órgãos e entidades responsáveis para trazer e transferir essa tecnologia para o Brasil, dentro do Estado de Minas Gerais, nos faz sentir privilegiados, pois estaremos ajudando na evolução das sociedades brasileira e mundial. Com a confirmação do projeto, estaremos, juntos, fazendo a bioeconomia acontecer, através de uma energia limpa e uma economia sustentável. Uma forma de contribuir com o meio ambiente e com as próximas gerações por meio da ciência e tecnologia.”

 

Produtividade agrícola beneficiada 

 

De acordo com a pesquisadora da EPAMIG e engenheira agrícola, Polyanna de Oliveira, a ideia de unir geração de energia com cultivo de alimentos não atrapalha a produção das culturas agrícolas. Segundo Polyanna, uma série de estudos internacionais já mostra os benefícios para as plantações causados pelos painéis, o que contribui para uma agricultura mais sustentável. Pesquisas como essas serão realizadas nos Campos da EPAMIG. 

 

“O sistema agro-solar cria um microclima adequado para o desenvolvimento de algumas plantas. As culturas se beneficiam da sombra produzida pelas placas e isso impacta de maneira positiva na redução da evapotranspiração”, pontua.

 

Ainda de acordo com a pesquisadora, a possibilidade de executar duas atividades ao mesmo tempo e no mesmo espaço é o principal atrativo para os produtores mineiros. Polyanna aponta que Minas pode ser considerada um retrato do Brasil, com diferentes climas dentro de um mesmo estado. Para ela, a variedade de condições climáticas em Minas será decisiva para o sucesso do projeto.

 

“A EPAMIG espera resultados muito promissores para Minas e, claro, para o Brasil. Nós procuramos com a implantação desse sistema reduzir a dependência de fontes não renováveis, como o petróleo e derivados, e trazer uma alternativa interessante para o produtor, com ganhos tanto na parte agrícola quanto na parte de geração de energia fotovoltaica”, conclui.

 

Fonte: EPAMIG